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Projeto Pé de Pincha
Projeto Pé de Pincha

Comunidades deixam de participar do Projeto Pé de Pincha por falta de apoio

 

Soltura de quelônios na região do Andirá, em Barreirinha

 

Comunidades ribeirinhas da calha do Rio Andirá, em Barreirinha-AM, estão deixando de participar do “Projeto Pé de Pincha” por conta da falta de apoio de instituições parceiras, principalmente as que atuam no contexto local. Das 23 comunidades participantes do projeto até o ano passado, restam apenas 8 na luta pela preservação dos quelônios da Amazônia.


Atualmente o projeto é financiado exclusivamente pela Petrobrás, por meio do Programa Petrobrás Ambiental. Sem mais apoio, a missão de conservar e repovoar as variadas espécies de quelônios da Amazônia se torna mais difícil devido a fatores econômicos e fiscalização.


“Nosso Rio Andirá já foi tão farto a ponto de nunca imaginarmos que iríamos nos preocupar com a extinção de nossas espécies. Víamos Matrinchã, tracajás aos montes, tucunarés e as pessoas pegavam tambaquis aqui mesmo no porto, embaixo do jauarizeiro.Era muito peixe, muitas caças. Mas hoje isso mudou e estamos preocupados com essa invasão da pesca predatória ilegal que tem tomado conta dessa região e precisamos de ajuda para proteger nosso meio ambiente”, ressalta Maria Santos, moradora da comunidade de Granja Ceres, Rio Andirá.

Criado em 1999 por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas e comunidades ribeirinhas dos Estados do Amazonas e Pará, o “Projeto Pé de Pincha” é voltado para preservação das populações de quelônios da Amazônia, entre eles tracajás, Irapuca, tartaruga e Iaçá, e para a realização de trabalhos sociais com os ribeirinhos.
O nome do projeto é uma referência às pegadas do tracajá (Podocnemis unifilis) que na areia ficam no formato de "pinchas" (tampinhas de refrigerantes de garrafas de vidro). Segundo dados da Universidade Federal do Amazonas, já foram mais de 300 mil filhotes de pés de pincha soltos só nas comunidades de Barreirinha.

Em reunião realizada no dia 18 de março para avaliação dos trabalhos do projeto, que reuniu representantes da Ufam e comunitários das oito comunidades onde ainda atua o projeto (Tucumanduba, São Paulo do Açu, Matupiri, Santa Luzia do Moura, Ariaú, Granja Ceres, Fazenda do José de Nazaré e Piraí), um dos principais pedidos dos ribeirinhos foi o apoio do Ibama e da Secretaria de Meio Ambiente para maior fiscalização na região. “As realizações das nossas reuniões são essenciais para fazermos avaliações e planejamentos das atividades para fortalecimento dos trabalhos. Infelizmente, apesar de termos feito convites formais, não contamos com a presença de representantes do poder executivo municipal e do Ibama, os quais têm a obrigação de serem parceiros fundamentais para manutenção do projeto. 

Aqui vai um apelo à Secretaria de Meio Ambiente para que esteja conosco. É muito importante firmamos essa parceria, caso contrário o projeto fica ameaçado porque a logística é muito alta para dar continuidade aos trabalhos”, enfatizou César André Pontes, coordenador do projeto nas comunidades de Barreirinha.
Para Paulo Henrique Andrade, coordenador do projeto Pé de Pincha da Ufam, apesar das dificuldades em manter o projeto em funcionamento, a força de vontade dos comunitários na luta pela preservação das espécies demonstra que muito ainda pode ser feito pela proteção ambiental nessa região da Amazônia. “O Pé de Pincha é um projeto de 19 anos, aqui em Barreirinha ele vai para os 16 porque as comunidades mantem o interesse de proteger os recursos naturais que elas têm. Ele é muito importante e precisa continuar”, afirma.

O presidente da comunidade de Santa Luzia do Moura, Raimundo Filho, garantiu que está disposto, juntamente com as comunidades vizinhas, em não deixar e lutar pela manutenção do projeto. “O trabalho que estamos fazendo hoje é para que os nosso filhos e netos não venham a sofrer com a falta de alimentos. No caso específico de nossa comunidade, que precisa de uma atenção especial, pois fica na área central de um paraná menor, quando chega a época da seca o local fica propicio para a invasão e quem sofre com isso são os moradores e lá na frente isso vai ter consequências prejudiciais aos que virão depois de nós. Por isso aqui fica nosso pedido de ajuda”, conclui.


Texto: José de Oliveira/ Revisão: Jean Beltrão
Foto:Delfa Amazonas